Para profissionais da educação, recursos da UEMS são insuficientes

Imagem: A audiência foi realizada no auditório do campus da UEMS em Campo Grande
A audiência foi realizada no auditório do campus da UEMS em Campo Grande
30/10/2017 - 21:00 Por: Juliana Turatti   Foto: Wagner Guimarães

Professores, técnicos administrativos, acadêmicos e autoridades debateram em audiência pública nesta segunda-feira (30/10) o orçamento público e a função social da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Para 2018, o Governo do Estado definiu o repasse R$ 207 milhões de recursos para a UEMS, mas de acordo com o diretor de relações sindicais da Associação dos Docentes da UEMS (Aduems), Esmael Almeida Machado, são necessários R$ 251 milhões para o pleno funcionamento da Universidade.

“Hoje o gasto com a folha de pagamento da UEMS é de R$ 151 milhões. Normalmente as universidades têm um gasto de 85% do seu orçamento com folha e aqui nosso gasto não chega a 60%. Também temos uma despesa de R$ 9 milhões com financiamento e sobram R$ 47 milhões para custear as15 unidades da universidade. O valor que o governo está destinando não é suficiente e terá que ter suplementação”, esclareceu o diretor. 

Ele ainda mostrou números, atualmente são aproximadamente dez mil alunos distribuídos nas 15 unidades. São 66 cursos de graduação, 22 especializações, 14 cursos de mestrado e dois de doutorado. “Para que tudo isso se sustente é vital investimentos. A UEMS tem 22 anos e cresceu muito, mesmo com poucos recursos. A universidade tem o papel de transformar a vida das pessoas, não só de formar. Não tenho dúvidas que a educação é o nosso maior patrimônio”, justificou Machado.

O presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Casa de Leis e propositor da audiência, deputado Pedro Kemp (PT), falou da importância da universidade para o Estado. “A UEMS está presente em 15 munícipios de Mato Grosso do Sul, o que facilita o acesso à educação, além de auxiliar na formação de professores e contribuir para o desenvolvimento social da sociedade”, afirmou o parlamentar.

Kemp ainda advertiu que o Governo do Estado aprovou dez contratos de publicidade para 2018, cada um no valor de R$ 35 mil, totalizando R$ 350 milhões de gastos. “Meu desejo é que o governo destine um valor maior para a educação do que para a publicidade”, destacou.

“Eu me solidarizo ao momento difícil e sou favorável a lutar pelo aumento da verba destinada à universidade que tanto contribui para o nosso desenvolvimento porque o valor aprovado abaixo compromete a qualidade do ensino. Nós não podemos aceitar essa política de desmonte do que é público”, alertou o deputado Amarildo Cruz (PT).

Já o presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da Assembleia, deputado Renato Câmara (PMDB), disse apoiar a causa. “Eu tenho consciência que o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul passa por aqui, essa causa é de todos nós. A UEMS tem que ser prioridade do governo para que sejam realizados os investimentos necessários e que possamos ter a universidade que todos merecemos. Precisamos de investimentos adequados para que a universidade continue dando bons resultados”, argumentou o deputado.

Para o professor aposentado da Universidade de Santa Catarina e ex-reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Dilvo Ristoff, a universidade tem que possibilitar a arte, o saber e a justiça, essa deve ser a sua função, para que possa ser colocada a serviço do povo. “A educação tem uma missão estratégica, ela deve ser inclusiva, democrática e garantir sua qualidade de ensino”, declarou o educador.

E ainda comentou quais são os desafios a serem enfrentados pelas instituições de ensino superior. “Nosso objetivo é continuar expandindo e incluindo. Devemos buscar consolidar a cultura da qualidade, fazer uso de novas tecnologias, internacionalizar e formar professores para a educação básica. A inclusão é um sonho, mas me parece que contudo que está acontecendo está sendo um sonho adiado”, constatou Ristoff.

“As universidades estaduais cumprem um papel fundamental em atender as demandas que surgiram. Somos a favor da expansão com qualidade e este tema não se restringe só a UEMS, precisamos defender as universidades públicas, federais e estaduais, articular a sociedade na defesa do bem público”, considerou representante da Associação Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Alexandre Galvão.

O presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), Jaime Teixeira, falou da necessidade de lutar pelo futuro da universidade pública. “Nós defendemos a educação e estamos na luta para mais verba, porque um orçamento melhor significa mais educação para todos nós”, ressaltou.

“A nossa educação está sendo sucateada cada vez mais, nosso pedido é que sejam feitos os investimentos necessários porque a educação não é mercadoria”, garantiu a presidente do Diretório Central Acadêmico da UEMS, Olga Cristina Carneiro de Andrade.

Para finalizar, a professora que representa o movimento afrodescendente da UEMS, Maria de Lourdes da Silva, deixou claro seu ponte de vista, para ela que é mulher, negra e educadora. “É desafiador pertencer a um país miscigenado que não oferece as mesmas oportunidades a todos. E convém lembrar que temos que ter cuidado para não desperdiçar os recursos e conquistas já adquiridos até aqui”, avaliou.

Encaminhamentos - Pedro Kemp informou que será feito um relatório com todas as propostas levantadas no debate. “Tenho a responsabilidade de levar para o Parlamento, por intermédio da Comissão de Educação que eu presido, uma proposta de negociação com o Governo do Estado, para elevar o orçamento para R$ 251 milhões que são necessários, além de constar no relatório propostas que foram apresentadas ao longo dos trabalhos da tarde, como realização de concurso público para professores, programa de permanência para os cotistas, que a política não seja só de inserção”, explicou.

Também participou da audiência pública o deputado Dr. Paulo Siufi (PMDB). Durante o evento três apresentações foram realizadas. Alguimar Amâncio da Silva encenou Zumbi dos Palmares, teve apresentação do grupo de dança terena, do município de Sidrolândia, e acadêmicos de vários cursos da UEMS demonstraram a performance ‘Muros’.

As cidades que possuem campus instalados da UEMS são: Amanbai, Aquidauana, Campo Grande, Cassilândia, Coxim, Dourados, Glória de Dourados, Ivinhema, Jardim, Maracaju, Mundo Novo, Nova Andradina, Paranaiba e Ponta Porã.

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