Kemp critica desembargadora que debochou de professora com down

Imagem: Pedro Kemp preparou moção de repúdio à desembargadora Marília de Castro Neves Vieira
Pedro Kemp preparou moção de repúdio à desembargadora Marília de Castro Neves Vieira
21/03/2018 - 13:16 Por: Fernanda Kintschner   Foto: Victor Chileno

No Dia Internacional da Síndrome de Down, marcado nesta quarta-feira (21/3) por ações de inclusão das pessoas que nasceram com 47 cromossomos em suas células, em vez de 46 como a maioria, o deputado Pedro Kemp (PT) usou a tribuna para criticar comentário da desembargadora Marília de Castro Neves Vieira, da 20ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que debochou da notícia que Débora Seabra se tornara a primeira professora com Síndrome de Down no país.

A desembargadora teria ouvido no rádio a notícia e dito em grupo de whatsapp: “O que será que essa professora ensina a quem? Esperem um momento que fui ali me matar e já volto, tá?"(sic). Indignado, Kemp pediu o afastamento da magistrada. “Fiquei estarrecido. Essa desembargadora é a mesma que divulgou mentiras sobre a vereadora Marielle Franco [PSOL] e fez postagem homofóbica envolvendo o deputado federal Jean Wyllys [PSOL]. Ela pediu um paredão ‘profilático’ contra ele. Será que ela não conhece a legislação? Será que não sabe que isso é incitar a violência? Uma pessoa tão despreparada tem que ser afastada pelo Conselho Nacional de Justiça. O pior é que juiz é afastado em aposentadoria compulsória com salário integral. Um absurdo”, considerou Kemp.

O parlamentar disse que na sessão de amanhã apresentará uma moção de repúdio à desembargadora e elogiou a professora Débora. “Ela fez uma carta de resposta à magistrada e disse que o que ela ensina é o respeito às diferenças. Francamente a Débora tem muito mais moral e sensibilidade para ser desembargadora e lidar com as tragédias humanas. Aqui em Campo Grande temos uma down que está na faculdade e toca piano lindamente. O Brasil está investindo muito nas políticas para pessoas com deficiência. Como dizem, o que me preocupa não é o grito dos violentos, mas o silêncio dos bons e por isso vim aqui me posicionar diante dessas barbáries ditas pela magistrada, pessoa que deveria dar exemplo de Justiça e engajamento pela paz”, argumentou.

O deputado José Carlos Barbosa (PSB) concordou. “Estamos com uma síndrome de especialistas fazendo comentários nas redes sociais. Quem ocupa função pública tem que se policiar, pois exerce influência. Que Brasil que queremos ter com exemplos desses? Essa desembargadora está despreparada. Penso que todos os órgãos têm que punir duramente àqueles que fazem esse tipo de manifestação e ocupam cargos públicos”, ressaltou Barbosinha, que também elogiou a Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul pela inclusão de vários funcionários com Síndrome de Down.

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