Deputados comentam revelações da CIA sobre execuções do Governo Geisel

Imagem: Pedro Kemp: "E tem gente por aí dizendo que não houve ditadura no Brasil. Temos que passar isso a limpo"
Pedro Kemp: "E tem gente por aí dizendo que não houve ditadura no Brasil. Temos que passar isso a limpo"
15/05/2018 - 12:30 Por: Fabiana Silvestre   Foto: Luciana Nassar

Revelações de um documento secreto de 1974, divulgado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos semana passada, foram temas de debate durante a sessão ordinária desta terça-feira (15).  Em relatório endereçado ao secretário de Estado daquele país, Henry Kissinger, o então diretor da CIA, William Egan Colby (1920-1996), afirma que o ex-presidente Ernesto Geisel (1974-1979) aprovou a continuidade das "execuções sumárias" de adversários da ditadura militar.

“A revelação estarrecedora comprova o que a gente já sabia, que a ditadura foi um regime de exceção. Somente quem teve um filho assassinado sabe o que foi a ditadura no Brasil”, disse o deputado Pedro Kemp (PT).

Ele reiterou que, conforme o documento divulgado pela CIA, Geisel teria ainda orientado o então chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), que viria a substituí-lo na Presidência, João Baptista Figueiredo (1979-1985), a autorizar assassinatos pessoalmente. “Temos que passar isso a limpo. E, inclusive, no que se refere a outros documentos, como os arquivos do Exército, se é que não foram destruídos”, afirmou Kemp.

O deputado cobrou a presença maciça do Estado em áreas de vulnerabilidade social para o efetivo combate à violência, em todos os níveis. Tanto, que até a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) escolheu o tema Fraternidade e Superação da Violência para a campanha deste ano. “Combatemos a violência com políticas públicas sociais. Onde entra o Exército e a intervenção, é porque já se perdeu o controle, infelizmente”.

O deputado Zé Teixeira (DEM) também defendeu a apuração de denúncias de crimes cometidos durante a ditadura, mas ressaltou a confiabilidade do Exército perante à população. “Eu tinha 24 anos naquela época [ditadura], trabalhava em região de fronteira e pude ver como as pessoas de bem se sentiam segura com a presença do Exército nas ruas. Claro que se deve apurar irregularidades, mas, para quem anda correto, todo regime é bom”, afirmou.

* Com agências nacionais.

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