Audiência reúne sugestões para Projeto de Lei que proíbe o trote

27/04/2004 - 21:21 Por: Assessoria de Imprensa/ALMS   

Cerca de 200 estudantes compareceram hoje na audiência pública que discutiu o Projeto de Lei nº 14/2004, que proíbe a realização do trote violento aos calouros. O propositor do projeto e da audiência, deputado estadual Antonio Carlos Arroyo, explicou que o objetivo é criar uma lei que dê continuidade a uma prática antiga das universidades, mas que não seja de forma violenta, vexatória ou constrangedora ao aluno que acaba de ingressar ao novo curso. “Pretendemos criar uma nova cultura, fazendo que o trote envolva atividades que contribuam com a sociedade. Que o trote deixe de ser um momento de exposição ao ridículo e se transforme em um momento de alegria e responsabilidade da qual o aluno poderá se orgulhar depois”, explicou o parlamentar.

<P>Representantes das universidades da capital acompanharam as discussões. O projeto de lei que já recebeu aprovação unânime na Comissão de Constituição, Justiça e Redação recebeu propostas de estudantes principalmente quanto ao pagamento entre 10 mil e 100 mil Uferms, enquanto poderia ser punido com o trabalho social ou doação de cestas básicas. Arroyo afirmou que essas contribuições vão ajudar na conclusão da Lei. “Essas sugestões de mudanças são positivas. Isso demonstra que estudantes e sociedade estão realmente interessados nesse tema”, disse o parlamentar.

<P>De acordo com o Projeto de Lei, uma das práticas proibidas será a realização de pedágios em vias públicas. Como alternativa, as universidades estudam promover a arrecadação de contribuições em praças. “Mas a preocupação maior ainda é com as atividades sócio-culturais. Temos que evitar situações que se tornaram notícias nos últimos tempos como a do calouro de veterinária que sofreu queimaduras, do estudante que foi atropelado na avenida Mato Grosso ou do estudante que morreu afogado na USP”, ressalta o estudante de Direito da Uniderp, Cezar Gazola. Ele acredita que somente com a implantação de uma Lei os estudantes não passarão mais dos limites.

<P>Limite que para a professora Eva Maria Katayama, diretora de graduação da Unaes, talvez seja ultrapassado por causa da euforia. “O trote de nenhuma forma é violento, mas existem pessoas que durante um momento de euforia podem causar situações de abusos”, diz. Para isso a instituição já está coordenando trabalhos sociais, como arrecadação de alimentos e doação de roupas e sangue.
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A Universidade Católica Dom Bosco já aboliu o uso até mesmo a palavra trote. “Nós preferimos chamar de acolhimento ao calouro. Nessa nova concepção, já realizados trabalhos sociais com experiências positivas não só para os calouros, mas como para a universidade”, explica o padre Paulo Eduardo Jácono, coordenador da Pastoral Estudantil da UCDB.
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Os debates devem prosseguir até as escolas de nível médio. A professora Reni domingos dos Santos, diretora do colégio Mace, defendeu que as instituições de ensino expliquem aos alunos que eles não podem ser vítimas.“É preciso realizar um trabalho de conscientização para que o aluno secundarista e o veterano entendam que o trote violento não leva a nada. Com isso, o trote deixa de ser um momento de angústia com o que pode acontecer fora da faculdade, pois dentro da instituição ainda existe controle”, comparou.
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O deputado Arroyo avaliou os resultados da reunião como positivos. “Tanto que já marcamos uma nova reunião para discutirmos as sugestões que serão incorporadas ao Projeto de Lei”, destacou. A próxima reunião está marcada para o dia 11 de maio, às 15 horas, no Plenarinho da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
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