Para promotor, professores são aliados contra violência

O promotor de justiça e presidente do Conselho Estadual Antidrogas, Sérgio Fernando Harfouche, acredita que os atos violentos na escola refletem a realidade dos alunos e que pais e a comunidade escolar devem trabalhar de forma integrada.

Durante reunião proposta pelo deputado estadual Júnior Mochi (PMDB), na tarde desta segunda-feira (01/06), ele defendeu o resgate da autoridade dos professores em sala de aula. "O professor é o nosso grande aliado no combate à violência no ambiente escolar, mas ele não pode ser refém do ECA, ficar a mercê do aluno", afirmou.

Segundo Harfouche, os educadores se sentem engessados pelas normas preconizadas no Estatuto da Criança e do Adolescente, mas é preciso esclarecer que os estudantes também têm deveres e devem, por exemplo, respeitar os professores. "Deu-se ao aluno uma autonomia, alimentou-se a impunidade, o que está errado", afirmou.

Para o promotor, é fundamental garantir aos professores melhores condições de trabalho e remuneração digna, para que possam melhor ensinar.

PESQUISA

O promotor detalhou pesquisa realizada por ele com 3 mil dos 300 mil estudantes do Estado. "De acordo com o levantamento, que é uma pequena mostra, até 70% dos estudantes não residem nem com o pai, nem com mãe, o que muito nos preocupa", disse.

A pesquisa também aponta que 80% das crianças e adolescentes estão envolvidos em atos de desacato a professores. Já 70%, em atos de agressão entre alunos, e 30% ameaçaram os professores.

Harfouche explicou que o quadro de violência repercute na evasão escolar, estimada na mesma pesquisa em 40% entre os estudantes do período noturno; 20% do matutino e 10% do vespertino. "E a evasão gera adolescentes ociosos, que acabam sendo cooptados para o crime", ressaltou.

O promotor informou que as crianças e adolescentes infratores das 120 audiências que julgou no mês de maio eram evadidos e que 80 deles estavam envolvidos em ocorrências de assalto a mão armada.