Números da violência apresentados durante audiência pública preocupam autoridades

Imagem: Como resultado da audiência, um dos encaminhamento será a criação de Grupo de Trabalho, com o tema Fraternidade
Como resultado da audiência, um dos encaminhamento será a criação de Grupo de Trabalho, com o tema Fraternidade
27/04/2018 - 18:20 Por: Juliana Turatti   Foto: Luciana Nassar

Em 2017, no Brasil foram registrados 62 mil homicídios. Já entre 2005 a 2015 ocorerram mais de 318 mil assassinatos envolvendo jovens. Dados do Atlas da Violência 2017 apresentam que os assassinatos em Mato Grosso do Sul são de 23,9 por 100 mil, e de 2005 a 2015, 7.424 pessoas foram assassinadas no Estado. “E se formos comparar entre 2014 e 2015 houve redução de 9,4% no número de homicídios, com 700 vítimas de assassinatos em 2014 e 634 em 2015”, alertou o professor doutor em Sociologia e  presidente do Núcleo de Estudos Estratégicos de Fronteiras, Marcelo da Silveira Campos.

Estes números foram apresentados durante a audiência pública ‘Fraternidade e Superação da Violência’, nesta sexta-feira (27), no Plenário Deputado Júlio Maia, na Casa de Leis. A proposição do debate foi do presidente da Comissão Permanente de Segurança Pública e Defesa Social, deputado Cabo Almi  (PT). “A violência atinge níveis absurdos em todo o país. E cabe a todos nós contribuir para que isso não ocorra mais, e buscar alternativas para a diminuição da violência em Mato Grosso do Sul é nosso objetivo”, afirmou o parlamentar.

O deputado Barbosinha (DEM), que é vice-presidente da Comissão de Segurança, reforçou a necessidade de ir além dos diagnósticos. “Precisamos além de conhecer os sinais e sintomas da violência necessitamos de efetiva prática e ação, e para vencer essa guerra temos que tirar os suprimentos, ou seja, as armas de circulação”, defendeu.

“Quando falamos em violência, tema bastante amplo, e olhamos para as estatísticas, ficamos bastante preocupados porque os números são altos, mas não nós mostram a real problemática. E acredito que precisamos colocar o dedo na ferida, sim”, argumentou o deputado Pedro Kemp (PT).

O arcebispo da Arquidiocese de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, destacou a importância da campanha. “Ela tem uma metodologia desenvolvida para associar a fé e a vida. Cada ano a igreja católica aborda um tema relevante para a sociedade. Em 2018 abordamos a superação de todas as formas de violência", disse.

A procuradora do Estado e presidente da Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados de Mato Grosso do Sul, Seccional Mato Grosso do Sul (OAB-MS), Cláudia Elaine Novaes Assumpção, lembrou o significado de fraternidade. “É o laço de parentesco entre irmãos, é a irmandade, a união, o afeto de irmão para irmão, o amor ao próximo, é a harmonia e união entre aqueles que vivem em proximidade ou que lutam pela mesma causa, e é isso que temos que resgatar a fraternidade pelo próximo em prol de menos violência”, alertou a procuradora.

Na mesma linha o defensor público, Fábio Rogério Rombi da Silva, falou da relevância de ser fraterno em nosso ambiente familiar. “Não podemos esquecer-nos de termos respeito e tolerância para com os nossos familiares, temos que começar dentro de nosso lares porque só assim poderemos expandir para fora dela e neste sentido diminuir a violência”, admitiu o defensor. E ainda o promotor de justiça, Paulo Roberto Gonçalves Ishikawa, completou: “só conseguiremos superar a violência com a paz, este é o caminho”.

Também participaram do debate o coordenador estadual da Polícia Comunitária, Coronel Carlos Santana, o tenente-coronel representando o Comando Militar do Oeste (CMO), Sobrino e o comandante-geral da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Wladir Ribeiro Acosta.

Encaminhamentos - Será enviado um documento com todas as informações do debate da audiência pública que será para todos os setores que são responsáveis pela segurança no Estado. E ainda haverá a criação de Grupo de Trabalho, com o tema Fraternidade, e será feita a proposta da unificação do número de serviço de emergência.

Sugestões apresentadas - políticas de desencarceramento e fomento das alternativas penais; priorização das políticas de assistências e de reintegração social da pessoa privada de liberdade; programas Especiais de Treinamento e Educação Cidadã Policial; políticas públicas de segurança necessitam diagnóstico; aprofundamento de intercâmbio com as universidades, movimentos sociais, e organizações não-governamentais; evitar o controle excessivo exercido pelos poderes políticos sobre as polícias, que faz com que as polícias se afastem das expectativas sociais e das demandas cotidianas dos cidadãos; mudanças na atual Lei de Drogas (11.343/2006) e a criação políticas de segurança e direitos humanos para mulheres, que devem ser pensadas em torno das especificidades da violência nas relações de intimidade e afeto.

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