Apesar de denúncias, Funai não reconhece existência de capitães nas aldeias de MS

23/03/2005 - 22:02 Por: Assessoria de Imprensa/ALMS   


O administrador regional da Fundação Nacional do Índio - Funai, Israel Bernardo da Silva, reconheceu durante audiência pública na Assembléia Legislativa que o órgão tinha articulações nas áreas indígenas através do chamados "capitães", representantes das aldeias que seriam responsáveis por levar os benefícios às comunidades.
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"No passado a Funai reconhecia essa atribuição e até emitia carteira para destacar o capitão como líder da comunidade. Mas reconhecemos que cada chefe de família é um líder e, por esse motivo, deixamos de lado a prática de destacar uma pessoa para receber os benefícios do governo. Muito embora, nós sempre recebemos denúncias de exploração de mau uso dos benefícios por parte de capitães", disse Israel Bernardo da Silva.
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O administrador explica que a fiscalização para combater a atuação dos capitães é inexistente em virtude da falta de funcionários para atuar nas áreas indígenas. A Funai também recebeu denúncia que os capitães teriam concentrado parte de benefícios para as aldeias e utilizado como instrumento político para compra de votos. "As principais denúncias desse tipo se concentram na utilização de combustível para as áreas indígenas pelos cabos eleitorais. Os capitães teriam organizado com os candidatos uma forma de entregar requisições de óleo diesel para o uso de trator na plantação", diz.
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Como exemplo, Israel Bernardo da Silva cita uma aldeia de mil hectares que num só mês utilizou 60 mil litros de combustível. O administrador destaca que a Funai não reconhece a ação dos capitães, mas recebeu denúncias da existência de 27 capitães na região cone-sul do Estado. A Comissão Externa da Câmara Federal, que ouviu o depoimento do representante do órgão, vai analisar as denúncias.
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